Sophia de Mello
LA REVISTA ÁGORA-PAPELES DE ARTE GRAMÁTICO EN SU RECIENTE NÚMERO DE ABRIL 2022, N. 11 EN SU NUEVA COLECCIÓN DIGITAL, DEDICA UN HOMENAJE A LA GRAN POETA LUSA SOPHIA DE MELLO. AQUÍ PRESENTAMOS, EN LA PRIMERA ENTREGA, UNA ANTOLOGÍA DE POEMAS DE SOPHIA DE MELLO, SELECCIONADOS POR EL POETA Y PROFESOR PACO CARREÑO, QUIEN LES DEDICA UN COMENTARIO MAGISTRAL QUE PRESENTAREMOS EN UNA SEGUNDA ENTREGA PRÓXIMA.
Puedes leer esta segunda entrega (el estudio de la poesía de Sophia de Mello por el profesor Paco Carreño en: https://diariopoliticoyliterario.blogspot.com/2022/05/sophia-de-mello-breyner-andresen-la.html
POEMAS DE SOPHIA DE MELLO BREYNER
(Antología de textos comentados por Paco Carreño)
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN nació en Oporto, 6 de noviembre de 1919 y murió en Lisboa, 2 de julio de 2004. Fue distinguida con el “Prémio Camões” en 1999, como una de las poetas más importantes en lengua portuguesa del siglo XX. Fue la primera mujer portuguesa en recibir ese premio que supone el reconocimiento literario mayor de la literatura en lengua lusa. En 2003, poco antes de su muerte, obtuvo también, en España, el Premio Reina Sofía de Poesía Iberoamericana. Autora de libros de poesía y de cuentos, teatro, ensayo y narrativa infantil. Su poesía se recoge en los tres volúmenes de su Obra Poética editada en Lisboa (Ed. Caminho, Lisboa, 1990-2003). Mencionamos sus libros traducidos al español:
. Poemas Sophia de Mello Breyner Andresen. Angria Ediciones. Caracas 1998. Traducción de Nidia Hernández.
. Antología griega (Ediciones Miguel Gómez, 1999).
. Antología poética (Huerga y Fierro, 2000).
. En la desnudez de la luz (Antología, Ed. Universidad de Salamanca, 2003)
. Nocturno mediodía (Antología, traducción de Ángel Campos Pámpano, Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 2005).
.Tiempo terrestre (Antología, selección y traducción de Paula Abramo, Fondo de Cultura Económica, Bogotá, 2018).
INGRINA
O grito da cigarra ergue a tarde a seu cimo e o perfume do orégão invade a felicidade. Perdi a minha memória da morte da lacuna da perca do desastre. A omnipotência do sol rege a minha vida enquanto me recomeço em cada coisa. Por isso trouxe comigo o lírio da pequena praia. Ali se erguia intacta a coluna do primeiro dia - e vi o mar reflectido no seu primeiro espelho. Ingrina.
É esse o tempo a que regresso no perfume do orégão, no grito da cigarra, na omnipotência do sol. Os meus passos escutam o chão enquanto a alegria do encontro me desaltera e sacia. O meu reino é meu como um vestido que me serve. E sobre a areia sobre a cal e sobre a pedra escrevo: nesta manhã eu recomeço o mundo
MUNDO NOMEADO OU DESCOBERTA DAS ILHAS
Iam de cabo em cabo nomeando
Baías promontorios enseadas;
Encostas y praias surgiam
Como sendo chamadas
E as coisas mergulhadas no sem-nome
Da sua própia ausência regresadas
Uma por uma ao seu nome respondiam
Como sendo criadas
ÍTACA
Quando as luzes da noite se reflectirem imóveis nas águas verdes
de Brindisi
Deixarás o cais confuso onde se agitam palavras passos remos
e guindastes
A alegria estará em ti acesa como um fruto
Irás à proa entre os negrumes da noite
Sem nenhum vento sem nenhuma brisa só um sussurrar de búzio
no silêncio
Mas pelo súbito balanço pressentirás os cabos
Quando o barco rolar na escuridão fechada
Estarás perdida no interior da noite no respirar do mar
Porque esta é a vigília de um segundo nascimento
O sol rente ao mar te acordará no intenso azul
Subirás devagar como os ressuscitados
Terás recuperado o teu selo a tua sabedoria inicial
Emergirás confirmada e reunida
Espantada e jovem como as estátuas arcaicas
Com os gestos enrolados ainda nas dobras do teu manto
DESCOBRIMENTO
Um oceano de músculos verdes
Un ídolo de muitos braços como un polvo
Caos incorruptível que irrompe
E tumulto ordenado
Bailarino contorcido
Em redor dos navios esticados
Atravesamos fileiras de cavalos
Que sacudiam suas crinas nos alísios
O mar tornou-se de repente muito novo e muito antigo
Para mostrar as praias
E um povo
De homens recém-criados ainda cor de barro
Ainda nus ainda deslumbrados
POEMA
A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
MANHA DE OUTONO NUM PALÁCIO DE SINTRA
Um brilho de azulejo e de folhagem
Povoa o palácio que um jovem rei trocou
Pela morte frontal no descampado
Ele não quis ouvir o alaúde dos dias
Seu ombro sacudiu a frescura das salas
Sua mão rejeitou o sussurro das águas
Mas o pequeno palácio é nítido - sem nenhum fantasma -
Sua sombra é clara como a sombra de um palmar
No seu pátio canta um alvoroço de início
Em suas águas brilha a juventude do tempo
INÍCIAL
O mar azul e branco e as luzidias
Pedras: O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida.
Sophia de Mello
ÁGORA DIGITAL/ MAYO 2022/ CO-LECCIÓN ÁGORA. HOMENAJE A SOPHIA DE MELLO I
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